quarta-feira, 11 de março de 2015

ENTREVISTA COM O ARQº. PEDRO NETO (Parte 2)

"EM URBANISMO NÃO EXISTE LARGO DAS ESCOLAS, É UM ERRO QUE PROVOCA DESURBANIZAÇÃO"


Por: C. Martinho

Arq. Pedro Neto, um homem que afirma estar realizado 

Nesta ultima parte da entrevista Pedro Homem revela-se um profissional realizado falando de si nas várias vertentes, aborda questões/conceitos do urbanismo que é feito em Angola, aponta soluções para o trânsito na cidade de Luanda, analisa a velha questão da elaboração e aplicação dos planos e não deixa de reflectir sobre o ensino da arquitectura e do papel da Ordem dos arquitectos;


Falemos agora de outra escala da arquitectura: o urbanismo. Como avalia o planeamento e a gestão urbana em angola em geral e luanda em particular?

É interessante que tenho dito ao pessoal que é mais fácil ser arquitecto do que ser urbanista. Hoje muita gente, depois de terminar o curso de arquitectura, diz que é arquitecto-urbanista, ourbanismo é muito complexo, envolve muitas outras áreas e disciplinas. Fazer um arranjo urbanístico numa zona como Luanda não é brincadeira, mas também não é coisa de outro mundo. Hoje por exemplo estão a desconcentrar os serviçosadministrativos em Luanda, deviam-se juntar todos osresponsáveis dos municípios e definir apenas "linhas estruturantes" e depois cada município também definir linhasestruturantes para as comunas. O projecto podia começar na comuna, pois o conjunto das linhas estruturantes da comuna daria as do município, e do Município daria as do País. O medo que eu tenho é o seguinte: fala-se muito do plano director de luanda, mas este instrumento vai incidir sobre que terras? Não existem terrenos em Luanda, a menos que for nas outrasProvíncias ou localidades devido a reclassificação, que é outro grande problema.


Em que consiste a reclassificação? 

O conceito de reclassificação consiste no seguinte: o Governo tem um território e depois decide amplia-lo, isto em urbanismo chama-se reclassificação. Segundo a Organização das Nações Unidas as cidades mais complexas do Mundo têm mais de 10% da população do seu País. Luanda, é das cidades mais populosas pois tem mais de 35% da população de Angola, isto porque o Governo não compreende que não pode ampliar o território, quanto menor for o território melhor é a sua gestão, então hoje temos muito mais dificuldade em fazer um plano director para toda Luanda, porque agora tem um território muito grande, com uma população muito concentrada, providenciar serviços para uma população concentrada é muito mais difícil, é muito mais difícil criar um elemento importante no arranjo urbanístico, que são as vias, que não temos.

Hoje nós estamos a adiar um problema sério em Luanda, principalmente no trânsito em que devemos projectar novas vias, não estou a dizer ampliar as vias existentes, conforme está a ser feito agora, isto não resolve. É interessante que tanto, em inglês, português, espanhol como em francês, "engarrafamento" vem de garrafa que depois no gargalho afunila. Em Luanda é isso que acontece. Nós ainda não pensamos no seguinte: qual é a maneira mais rápida de levar a população de Viana e Cacuaco até ao centro da Cidade? Pensamos passar por uma via, mas é necessário partir (demolir) edificações, outra alternativa seria, como fazem os novos Estados, colocar no ar, assim resolve-se o problema; 

Hoje temos graves problemas em confundir projectos de loteamento, requalificação ou reconversão. Eu há dias chamei atenção a alguém na faculdade, que estava a trabalhar num projecto de requalificação, quando na realidade tem que ser um projecto de reconversão, porque existem lugares onde não se pode fazer projectos de requalificação;


Talvez falta-nos alguma legislação que ajudaria a definir balizas, por exemplo o regeu e a lotu contemplam algumas definições, não temos os conceitos devidamente definidossobre requalificação, reconversão ou renovação urbana. Qual é o seu parecer sobre a questão?

Basicamente, quando falamos em projecto de urbanismo, urbanização, nós no fundo consideramos um espaço "limpo", aqui em Luanda, questiona-se: onde vamos projectar um espaço "limpo"? Existem zonas que eu não chamo musseque, em que podemos eliminar toda ela, porque não tem nada de arquitectura. Há zonas com muita confusão onde existe arquitectura para estudar e aproveitar, mas outras áreas não há arquitectura então a solução é projecção urbana, Urbanismo ou projecto de urbanização, considerando aquela zona como não existente…

Demolir tudo e fazer novo? Quer dar um exemplo de uma zona que talvez pudesse ser alvo de um processo como este?

O exemplo é mesmo o próprio Sambizanga…

Mas se tiver que demolir e construir tudo de novo que nome se dá a este processo?

Chamamos a isso, projecto de urbanização;

E quando é que estamos perante uma requalificação urbana?

A requalificação obriga que você tenha uma taxa de demolição. Por exemplo em muitos Países conservadores só é permitida a demolição até 20%, nós no curso de arquitectura demos aos alunos a possibilidade de demolir até 30%, isto quer dizer que o aluno vai aproveitar talvez alguns equipamentos sociais existentes e as estradas. O termo "reconversão" vem de "converter" o que significa converter uma zona para outra. Por exemplo uma zona habitacional é convertida para uma zona com outra função, mas a expressão "reconversão" não é do urbanismo puro, porque na verdade é uma expressão que deriva da requalificação. As pessoas aplicam muito isso quando o projecto de urbanização vai beneficiar 100% as pessoas que vivem na zona, quer dizer, eu vou alterar a organização do espaço destas pessoas, se eles estão na horizontal e vou coloca-los na vertical, e vou dar funções diferentes nestes espaços, por isso é que chamam reconversão que em urbanismo puro não existe. Nós devíamos chamar projecção urbana, mas esta medida seria muito dura porque iria afectar a população uma vez que vai-se "limpar tudo" então para diminuir este impacto as pessoas usam a expressão "reconversão". Mas a reconversão tem graves problemas no sentido de que, se você vai fazer um arranjo do espaço é melhor ter cuidado em seguir novamente o traçado de ruas existente, porque o que acontece nestas reconversões é que pensa-se que os traçados não devem ser alterados. Ora nós em Luanda temos muitas ruas nas transversais e temos poucas nas perpendiculares, o que acontece é que se alargamos muito uma perpendicular, mas como ela é muito interceptada aumenta o congestionamento, e esta reconversão devia criar ruas que dividem distritos, que não permitem grandes cortes/interligações. As ruas que vão permitir interligações devem ser nos micro-distritos e as ruas de zona (um exemplo é o Cazenga) desta forma nós só estaremos adiando o problema do trânsito;

Fale-nos um pouco do zango que é objecto de opiniões diversas. Há quem olhe para o zango como um bom exemplo de projecto urbano mas também há quem considere um mau exemplo. Sei que esteve por detrás de todo este processo, comtudo de bom e mau do projecto. Qual é a sua justiça sobre o assunto?

Eu tenho dito ao pessoal que é necessário fazer a história do Zango. Em 1999 houve grande chuva que provocou a derrocada das barrocas da Boa Vista, o Sr. Presidente da Republica, na altura, decidiu retirar parte da população e colocar no Zango, e muitas vezes os governantes colocam-nos em desafios, eu e o falecido arquitecto Barros Miguel, tínhamos que fazer uma malha que iria receber naquela primeira fase 4.200 famílias, nós projectamos o Zango 1 para isso. Qual era a condição? As famílias viviam em 3, 6 até 10m2 de espaço na barroca, nos foi proposto projectar habitações com 40 metros quadrados o que daria apenas 2 quartos e eles (os populares) não aceitaram, então passamos a 61 metros quadrados com um valor de 6.000 USD, portanto a condição da casa estava muito associada ao valor disponibilizado. O Zango era uma boa solução habitacional para quem estava a sair daquela barroca, onde projectamos que cadacasa tinha a sua infra-estrutura, equipamentos para servir, depois também tínhamos os raios de acção urbanístico, com escolas, em300 a 500 metros de raio, com postos e centros de saúde. Será que se devia replicar o Zango? Eu aí já digo que não, porque depois replicamos até ao Zango 4 porque o Estado já não quis ouvir a opinião dos técnicos. Ora, se em 1999 aquela solução servia, para 4.200 famílias hoje em 2014 já não serve, o Zango hoje está a chegar próximo do novo aeroporto, já estamos quase no Zango 5/6 e já não deve ser assim, é verdade que no Zango 3 e 4 melhoramos bastante a casa, porque aí o governo nos abriu a possibilidade de não ser mais o custo de 6 mil dólares mas sim 16 mil, então já colocamos tecto falso e outros acabamentos. Aquela habitação até agora é uma casa social, e dentre as casas sociais continua a ser a mais barata.

Hoje está ser pensada a casa de baixa renda (veja a expressão), com 100 metros quadrados e eu não estou de acordo, aliás ela até já foge a legislação que o próprio Governo estabeleceu, que contempla áreas mínimas para habitações, isto já não é habitação social, só que o Governo esqueceu que em termos de infra-estrutura vai gastar duas vezes mais do que se mantivesse aquela casa social. Nós devemos pensar a arquitectura como o homem, nós existimos e amanhã deixamos de existir, a organização da casa também passa com o tempo, daqui a mais 20 anos provavelmente aquele quarteirão que alberga 20 casas no Zango talvez eu coloque uma torre, vãos manter as ruas e os equipamentos, devemos pensar assim;

Ainda falando de urbanismo está em voga a questão das centralidades urbanas e o seu conceito. Como vê isto, no nosso contexto?

É uma saída, hoje o desenvolvimento obriga a concentração da população, os últimos problemas que temos tido nas centralidades é que elas são bem projectadas, mas são servidas com escassos equipamentos sociais, o Governo precisa estudar um elemento que em arquitectura se chama "fluxo de transportes", precisa saber: de onde vem grande parte da minha população? Então projectar estradas para servir estas zonas, porque não é possível, pessoas que vivem nestas zonas usarem as mesmas estradas, as pessoas descontam os seus problemas no projecto, o cidadão passa a dizer que o projecto não presta quando na verdade o que não serve é o acesso;


Para Luanda, que hoje considera-se uma metrópole com mais de 6 milhões de habitantes, que solução acha que se podiam desenhar? Hoje fala-se em BRT, IRT até metrô subterrâneo ou de superfície, que sistema de transportes público propunha para atenuar o caos que se vive no trânsito na capital do país?

O poder económico que a população de Luanda passou a obter nos últimos anos, indica que o sistema de transporte não responde as necessidades, e como consequência cada pessoa passa a usar o seu transporte pessoal, é verdade que também é uma fase, outros Países passaram por isso, mas nós precisamos encontrar soluções. Falou do BRT, se este sistema fosse uma linha de transportes em estradas novas podia ser uma solução…


Mas como fazer estradas novas se não temos espaço?

Há soluções, não temos que pensar apenas na horizontal, porquê que não colocamos as vias de transportes no ar ou subterrâneas? Temos que pensar nestas soluções porque ampliar a rua não resolve. O problema não está na estrada principal mas sim na via que vai dar a estrada principal. Depois quando todo mundo tenta ir à estrada principal como é única ela fica congestionada;


Ainda sobre a questão do planeamento territorial e urbano, coloca-se a questão dos planos directores, hoje há quem entenda que a sua filosofia e pressupostos não funcionam para a nossa realidade. Quando fala em definir linhas estruturantes apenas, está a propor uma inversão na forma de elaboração dos planos?

Nós temos que pensar contrário agora, o grande problema é que já temos uma cidade muito consolidada, o que tenho dito aos arquitectos e urbanistas é que os países mais populosos do mundo não têm as suas capitais com a percentagem que tem Luanda, que são mais de 30%. Para as Nações Unidas o máximo são 10%, então precisamos compreender o que faz sair esta população da comuna constantemente. Talvez seja o trabalho, então precisamos identificar qual é o trabalho, se fizermos isso provavelmente o cidadão não precisará sair da comuna. Precisamos saber qual é o melhor eixo entre a comuna e Município e ai a comuna vai determinar. Em relação ao município, de igual modo precisamos saber qual é a melhor ligação entre o Município e a Província, então os Municípios vão determinar.


Então isto vai implicar a revisão da lei de ordenamento do território, não acha?

Naturalmente, nós precisamos organizar de outra maneira a estrutura e não ficarmos apaixonados pelas estruturas que já existem, os que estão lá em cima muito deles não vivem esta realidade, então seria bom que nós indicássemos a realidade, porque é estranho, eu tenho mostrado um mau exemplo aos meus alunos: sabe que não existe em urbanismo um largo das escolas? Mas é estranho aqui no Largo das escolas está todo mundo a programar mais escolas concentradas, isto não existe em urbanismo e ninguém chama atenção. Cada escola deve ter um raio de acção, e esta situação do largo das escolas faz com que o professor de Viana ou Cacuaco, tenha de dar aulas no mesmo local concentrado na cidade, a coisa está de tal forma concentrada, que é um erro que provoca algo que se chama desurbanização administrativa;


Isto também tem a ver com a questão do ensino. Acha que já se justificam escolas exclusivamente de urbanismo em angola?

Devíamos ter escolas de arquitectura e tambem de arquitectura e  urbanismo em Angola, mas infelizmente não temos professores para isso. Há algum tempo atrás era ideia do Departamento de Arquitectura, até agora é, em passar para faculdade de arquitectura, mas eu levanto sempre a questão: quem são os arquitectos para dar aulas nesta faculdade? Se o curso de arquitectura, não conseguimos terminar em cinco anos como é que vamos pensar numa faculdade de arquitectura? Vamos ser honestos, precisamos de mais quadros; Na verdade, não é que não os tenhamos, mas eles não estão talhados para entrar numa faculdade de arquitectura, onde como governante politico, ele ganha 5 vezes mais, e vem para as escolas para ganhar quase nada, tenho colegas que ganham 80 mil Kwanzas;


Agora falemos um pouco de si. Como professor é conhecido como alguém muito duro, quer comentar isso?

Tenho dito aos meus alunos que penso bastante neles, mas eu não sou muito apaixonado pelo aluno, prefiro que o meu aluno compreenda que preciso inculca-los valores, que entenda que o professor está aí para lhe transmitir conhecimentos/ técnicas de projecção do que o professor ter muita relação com o aluno, de facto acontece que todo meu aluno diz que sou muito exigente, mas depois todos eles são meus amigos porque eles dizem sempre que eu transmito aquilo que é arquitectura. É verdade que sou muito exigente porque também estudei com professores exigentes;


Porquê que é mais conhecido como engenheiro?

Primeiro porque licenciei-me em arquitectura na faculdade de engenharia da UAN e depois estudei noutra faculdade de engenharia no Chile, então as pessoas conhecem-me como engenheiro porque faço cálculo de estruturas e dirijo obras. Portanto depois da licenciatura não fiz pós-graduações em arquitectura mas em outras áreas como demografia, urbanismo e engenharia estatística. Eu faço cálculos de estruturas não com o que aprendi no Chile mas na Faculdade de Engenharia(UAN), que antigamente apesar do número reduzido de docentes, tive um professor muito bom chamado Molares de Abril que ensinou-me a calcular, que é uma coisa com a qual me apaixonei;


Como especialista em demografia, como avalia o censo realizado este ano em Angola?

Muito bom, Angola está de parabéns pois pela primeira vez realizou um bom censo populacional. Lembro-me quando fiz a minha tese para ser demógrafo precisava do censo de 1970, comparando os dados deste censo com o actual, só vendo questionário do censo realizado este ano, verifica-se que estamos muito avançados. É como tudo, muita gente pensou que os resultados do censo seriam divulgados todos em pouco tempo, mas não, agora tem que se trabalhar, gerar tabelas organizadas e leva alguns meses; Com este instrumento, se for bem usado, podemos organizar melhor a população, organizar as estradas. Por exemplo, o tamanho da população é que determina o tamanho da estrada, do passeio e do jardim…., não existe um rei no urbanismo que não seja a pessoa, o urbanismo usa a pessoa como elemento para o fim, mesmo que ela ainda não exista. 


Uma das questões que se coloca é que o Arqº. Pedro neto não aparece em fóruns e outras actividades ligadas à arquitectura e urbanismo incluindo a ordem. Pela experiencia que tem era de esperar que partilhasse conhecimentos com outros, numa sociedade cada vez mais em rede. Que comentário se oferece a fazer sobre o assunto?

Isto é verdade, eu nunca estive muito ligado à Ordem dos Arquitectos, só me inscrevi há dois anos, e porque o Arqº. Hélder José incentivou-me e apelou o cumprimento da Lei; Tudo isso porque a imagem que eu tenho é de que por sermos muito poucos arquitectos, nós não somos muito bem organizados, é a imagem que tenho, eu posso estar enganado. Outra razão é que estou muito ligada ao meu atelier, com coisas práticas e vejo que quando se sentam arquitectos continuam a defender muita teoria, muito apaixonados pelo antigo, vejo muita gente a dizer "olha estão a partir aquilo"  e eu me pergunto, onde está a cidade de Babilónia ou Tiro? Já não existem. As cidades têm vida própria, vão deixar de existiralgumas pessoas que aqui têm nome de arquitecto acham que todos os edifícios devem continuar a existir, mas não é correctoveja o que estão a fazer na Marginal de Luanda….

 

 

Acha o projecto da baía de Luanda bonito?

Bastante, as cidades são assim, elas crescem. Uma vez alguém decidiu definir gabaritos: nesta zona altura é esta noutra é aquela. Isto não existe. As alturas diferentes é que fazem com que as cidades se tornem dinâmicas…..


Mas há quem questione as peles em vidro exposto nos edifícios, que tem a ver com a questão do conforto ambiental. O que acha disso? 

Mas hoje existem outras tecnologias para as pessoas estejam à vontade no interior destes edifícios. É verdade que o vidro aumenta o calor no interior mas você hoje tem o ar condicionado e outras técnicas…


Não é contra isso?

Não, nós precisamos compreender que não estamos sozinhos no mundo, um mundo moderno é isso, você vai à cidade de Nova York, em Beijing ou outra cidade e encontra isso, o quê que nós queremos defender? Nós precisamos compreender que não podemos ficar atrás senão um dia de tanto defender a nossa arquitectura os próprios edifícios vão cair em cima de nós;

Fale-nos das obras de sua autoria, projectos em que trabalhou e que estão construídas e sente que valeram a pena;

Uma das obras é o ULENGO CENTER que é um Shopping e Parque de diversões 130 hectares, 190 lojas, com 5 cinemas, sala de jogos, sala de exposição, brinquedos, três praças de alimentação. Gosto tanto de um projecto que foi um dos meus primeiros projectos grandes - a fábrica de tintas Neuce, a Fabimetal (uma industria de transformação), o maior no Polo Industrial foi o Centro Comercial e industrial "Viana Park", projectei um instituto médio no Zango, esquadras policiais, postos de saude, centros comerciais ....No Talatona tenho um Centro Comercial e depois tenho muitos projectos particulares de casas; trabalhei durante 2 anos num projecto que me deu o maior pagamento que já recebi em arquitectura, sim, cerca de um milhão de dólares – O parque III da Barloworld , uma fabrica de montagem de tractores, geradores e outros de uma empresa Sul Africana, o interessante é que falo a lingua francesa e nao a inglesa mas tive que ir varias vezes a sede deles na cidade de cabo e em Joanesburg discutir com eles .... oh meu amigo... isso é só de arquitectos. Actualmente estou a colaborar com vários arquitectos nacionais e estrangeiros.... estou a fazer maquetes. Este é um sonho de criança e estou a executar uma maquete das estradas de Luanda... claro somente as principais, mas com relevo para mostrar como podemos contribuir na resoluçao do trânsito em Luanda.

    Viana Park, um projecto implementado na estrada de Calumbo-Viana


Mas o grande projecto é o Ulengo, pois não?

Acredito que sim, pelo valor. Agora apaixonei-me por brinquedos, estou a projectar o parque aquático, onde terei um mar artificial, um rio em volta e uma lagoa, eu sou daqueles arquitectos que sonha bastante, depois acordo e faço um traçado, mas penso sempre como vou mostrar a cara dele, para mim é muito importante a cara, quero que o pessoal identifique e diga que aquele é o projecto do meu professor, de um angolano. Depois temos projectos de urbanismo, o Zango, Sapú e Morar, os arranjos urbanísticos em várias zonas como o Kassama Residence, onde vamos implementar um grande projecto que é o atelier de arquitectura, achamos que já é momento de começar a divulgar melhor as nossas obras, especialmente numa área que eu amo bastante: maquete. Entreguei há pouco tempo ao Sr. Governador uma maquete do Banco Nacional de Angola, a minha ideia é fazer em miniatura todos os edifícios grandes que o BNA tem em diversas Províncias para mante-los, tenho a ideia de fazer a maquete do edifício do Palácio de ferro, o museu das forças armadas, acho que isso alimenta a arquitectura;

       ULENGO CENTER, parque de diversões e shopping Center, projectado pelo entrevistado 

Olhando para toda esta trajectória no ensino, materialização de projectos em arquitectura e urbanismo, sente-se realizado?

Sinto, hoje estou a treinar alguns arquitectos e engenheiros com quem trabalho, e uma das coisas que nunca faço é esconder alguma coisa deles, zango-me com eles quando fazem um projecto errado, infelizmente eles acham que continuo a pensar que são meus alunos, mas é bonito quando você vê que aquele a quem ensinamos está a corresponder, felizmente eu sinto que já alguma coisa fizemos;



    Fábrica de Tintas NEUCE, Projecto do Arq. Pedro Neto 

 

 

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