sexta-feira, 31 de março de 2017

CONVERSA COM O ARQ. RUI LEĀO(Brevemente)


Por: C. Martinho

Nestas  “viagens  atrevidas” em busca das vozes da arquitectura pelo mundo lusófono e não só, passando por Angola, Portugal, Cabo Verde, Brasil e Argentina, desta vez, fomos parar virtualmente no continente asiático, quinta-feira(27/03), propriamente em  Macau afim  de conversar com o conceituado arquitecto Rui Leão, na sequência dos contactos mantidos por ocasião da sua aula magna em Luanda, organizada em Dezembro transacto pela Ordem dos Arquitectos de Angola. 

Rui Leão é cidadão macaense bastante ocupado,  estando neste momento  a terminar um Doutoramento, é actualmente o Presidente do   DOCOMOMO/Macau, cuida do seu  Atelier, está a dar aulas em Hong Kong, é  Presidente CIALP(Conselho Internacional dos Arquitectos de Língua Portuguesa)  para além de fazer consultoria ao  Governo local, porém apesar da sua agenda apertada concedeu parte do seu precioso tempo para abortar temas de interesse à classe, com maior enfoque para a questão do arquitecto e a cidade, analisando o seu papel alargado na diversidade de sociedades  que compõem os Países de expressão portuguesa, as relações com o ensino, a cultura e aquilo que se pode considerar boa arquitectura.

O nosso interlocutor não deixa de lançar um breve  olhar sobre a arquitectura e a cidade de Luanda, que actualmente lhe parece  “mais mansa”, considera que, há quatro anos anos quando visitou a capital de Angola pela penúltima vez, “havia alguma disfuncionalidade” em termos de mobilidade urbana, tecendo comentários pertinentes sobre o alargamento da marginal de Luanda e as implicações/impactos que esta intervenção acaba por conferir à grande Luanda, incluindo a parte informal.

Rui Leāo cita os exemplos de  Hong Kong e do Brasil(CODAB) como referências com as quais podemos todos aprender em matéria de gestão urbana sustentável , sem deixar de destacar a sua experiência de intervenção urbana em Macau muito marcada pelo Plano do Arquitecto Manuel Vicente que considera um profissional excepcional e os desafios de lidar com a exiguidade de espaço numa cidade em franco crescimento quer económico como urbanístico, realçando as semelhanças culturais com Angola e Portugal, reflectidas nas linhas sinuosas da baía de Macau.

Enquanto presidente do CIALP o nosso entrevistado comenta de forma breve as formas de implementação das recomendações da extensa  Agenda Urbana,  saída da conferência do Habitat III, tendo  realçado  programas que visam proporcionar arquitectura para todos, com projectos de estágios que passam pelo voluntariado por parte dos arquitectos, de apoio com assistência técnica para  a construção de habitação de interesse social, daí que considera que os arquitectos “podem fazer a diferença”, com planos feitos “de baixo para cima” mas avisa que não basta ter um Plano Director para resolver os problemas da cidade, propondo a revisão da legislação urbanística por supostas incongruências.

Sobre o ensino da arquitectura Rui Leāo, considera a necessidade de  reforma que não passa apenas pelos planos curriculares, entende que cada vez mais as escolas de Arquitectura não estão “vocacionadas a pensar e questionar as coisas” daí que sugere  “ir buscar arquitectos dos atelieres e pô-los a dar aulas de projectos” porque compreende que aí o “conhecimento está realmente vivo”, pois segundo ele “se tenho professores que nunca projectaram eles têm muito pouca coisa a ensinar” limitando-se a reproduzir aquilo que leram. 


Não deixe de seguir a grande entrevista com o Arq. Rui Leāo, trazendo uma variedade de temas de seu interesse, que publicaremos brevemente.



1 comentário:

  1. Arquitetura “mais mansa”, acredito que devia preparar matéria sobre este assunto: se existe a mais mansa, cite por favor o mais brutal, “havia alguma disfuncionalidade” em termos de mobilidade urbana: para mim particularmente este doença ainda não terminou, visite a centralidade do Kilamba, encene a quotidiana viajem Kilamba-Mutamba(Sede do Governo da Província) e vice-versa como um trabalhador comum que usa os transportes públicos, para que tenha uma Visão Holística sobre mobilidade urbana em Luanda, aonde ter carro próprio confere estatuto social de topo, e que é quase obrigatório.

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